quinta-feira, 1 de junho de 2017

Vontade de arrancar a sobrancelha, gritar a ponto de desmembrar a mandíbula, e a alma jorrar pela boca como um vômito frio, arrebentando paredes, os muros que contém todos os medos, todas as diferenças, verter-me do avesso como um tsunami, penetrar-me imperceptível e violento em todas as grades, em todas as frestas, em todas as entranhas, em intenções particulares, em sonhos que se tem sozinho, no silêncio em esforço, em quartos escuros, em rejuntes porosos à bolhas de argamassa no chão, nas profundezas dos oceanos, onde o sol perdeu as forças e a esperança, nas veias e átomos da matéria, percorrer distâncias onde até o tempo se esfarela, estar em todos os mistérios, alturas e profundidades, em peitos inflados de fúria, e me recolher aos poucos, sujo como um fluido lamacento, catatônico, inerte, vazio, e que de tão vazio...

E criar a partir disso uma deusa que vá substituir o Deus pai que pendurou seu único filho na cruz, perder, e esquecer que eu perdi, meu medo de cair pra cima. Saber que o mínimo gesto meu incendeia o mundo. Desistir de todos os meus desejos, porque tudo chega àquele que desiste, à saber que a flor é a exaustão do galho, seu ponto de aceitação. Amputar de mim todos os meus propósitos ocultos, e ter só um conselho no bolso da vida, o mais precioso, que eu ouvi anos atrás e nunca me esquecerei. "Nunca interrompa alguém que esteja cantando."

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Valéria Monteiro


Valéria Monteiro 2016 
44x33x24,5 cm
14 camadas de vidro
Pintura e fita led

Confira o vídeo em:
http://www.youtube.com/Chanel/UCP_B8gSRDjMbmdpodiwenvw





terça-feira, 14 de junho de 2016